"O outro 11 de Setembro"

Salvador Allende, 1908 -1973

Chile,11 de setembro de 1973: atentado contra o povo mata 30 mil.

EUA, 11 de setembro de 2001: atentado contra as Torres Gêmeas mata quase 3 mil.

Há seis anos essa data tornou-se muito famosa, por conta dos ataques ocorridos em NY, lamentável por todas as vítimas, ok...ok... Mas o que ninguém se lembra(ou muitas vezes não sabe) é que a exatamente 34 anos, o Chile sofreu um sangrento Golpe de Estado liderado pelo comandante-chefe do Exército chileno, Augusto Pinochet, tudo isso com ostensivo apoio dos Estados Unidos, pois o imperialismo americano não podia permitir que a “via chilena para o socialismo” vingasse e fosse um exemplo para a América Latina, portanto, junto com a burguesia chilena, conspirou e chamou os militares para acabar com aquela experiência . As Forças Armadas atacou no dia 11 de setembro de 1973 o Palácio de La Moneda, em Santiago Del Chile. Nesse mesmo dia, morre Salvador Allende o primeiro presidente marxista eleito de maneira democrática. Existem duas versões para a morte de Allende, uma é que, cercado pelas Forças Armadas o presidente se suicida dentro do Palácio utilizando a arma dada por Fidel Castro e outra versão é que ele foi assassinado pelas tropas invasoras.

Hoje, milhares de pessoas no mundo todo, choram relembrando o inferno que sofreu a cidade de Nova York em 2001, e se esquecem das quase 30 mil pessoas assassinadas, desaparecidas, torturadas e muitas dessas pessoas exiladas, durante a ditadura do general Pinochet. Com a esquerda quebrada os Estados Unidos puderam guiar tranqüilamente a economia chilena, aliás, o Chile foi o primeiro país do mundo onde se implantou o projeto neoliberal, os famosos “Chicago Boys”, os defensores da doutrina neoliberal, liderados pelo economista Milton Friedman, testaram naquele país os resultados dos planos neoliberais.

Isso exigiu um atentado terrorista contra a esquerda e o povo chileno, que deixou 30 mil mortos, dez vezes mais do que o número de mortos no atentado terrorista em Nova York, e porque as vítimas chilenas não recebem homenagem do resto do mundo?

Deixo aqui o meu protesto, e especialmente minha homenagem a Salvador Allende e Victor Jara, jovem compositor de música popular, líder da “Nueva Canción”, movimento que pertence à estética da música de protesto. Capturado dentro da universidade e levado para o estádio de futebol de Santiago que durante os dias de terror foi utilizado como campo de concentração, Jará que não obedeceu à ordem militar de parar de tocar seu violão, teve suas mãos decepadas onde misturou gritos de dor com alguns versos de protesto de sua autoria. Foi o bastante para que um insano militar calasse o jovem com um tiro em sua cabeça, calando a voz de um grande talento.

"Soy un cantor popular... Popular no de popularidad, sino porque pertenezco a la clase trabajadora." - Victor Jara.

Ligia Francilino - 11/09/2007

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CANTO PARA AS MÃOS PARTIDAS DE VICTOR JARA
Pedro Tierra

Quisera chorar teus dedos dilacerados: raízes do meu canto subterrâneo.

Quisera chamar-te “Hermano” como a infância dos rios lava o rosto da terra,

mas minha boca sangrava um silêncio de canções amordaçadas.

De tuas mãos se dirá um dia: geravam pássaros de sangue como as primaveras da lua.

Tuas mãos, tristes descendentes das canções araucanas,

tuas mãos mortas, casa de canções decepadas,

tuas mãos rotas, últimas filhas do vento,

guitarras enterradas sem canto,

sementes de fuzis, seara de sangue.

Quisera entregar minhas mãos inúteis

ao cepo de teus carrascos.

Ps. Abraços ao meu eterno professor e amigo Gordo, que foi a pessoa que me "apresentou" Salvador Allende. Saudações Socialistas e Corinthianas, companheiro.